
Este ano estou trabalhando com uma turma de 5ª série, com a disciplina Educação Religiosa. Desde o primeiro dia de aula, ao entrar na sala, levei um choque acústico: só se ouvia gritos e, não muito raro, agressões verbais.
Garotos e garotas, acima da idade indicada para a série, com perfis sócio-familiares divergentes daqueles que se espera para uma turma dessa série, com carência de assistência psico-pedagógica (que, infelizmente, o ensino público estadual não oferece!).
Parei, sentei, silenciei, filtrei os sons emitidos, olhei firmemente para cada uma das personagens daquela catarse e, aos poucos, foram se acomodando. Quando fizeram silêncio total, disse que queria estar numa sala de aula e que eles estavam numa sala de aula. Que determinados comportamentos e tratamentos que ouvi, não devem ocorrer entre colegas, numa escola, muito menos numa aula de Educação Religiosa. E escrevi na "lousa": PAZ! EU QUERO A PAZ! A PAZ DO MUNDO COMEÇA EM MIM! EU SOU A PAZ! E pedi que todos copiassem no caderno.
E com essa filosofia venho trabalhando: espero o burburinho passar, aguardo o silêncio, comunico com o olhar, me emociono (por dentro), com alguns resultados. Alguns silenciam por completo, outros ficam atentos, outros ficam inquietos com a calmaria, alguns adormecem!
"Ama a teu próximo como a ti mesmo". É muito difícil. Mas, pelo menos, rspeita, não deseja o mal, não prejudica, não calunia, não inveja. Cultiva a amizade, a solidariedade, o respeito ao próximo, a fraternidade e a relação amistosa.
Ajuda teu colega que tem um pouco menos, que precisa do teu olhar solidário, da tua palavra amiga, do teu apoio, da tua compreensão, do teu ombro amigo prá te ouvir e prá chorar, quando todos já se foram...
Os "regueiros" falam muito na "paz de Jah". No momento em que estão voando nas ondas do reggae, levintando nos sons das melodias, irmanados no meio de uma multidão de pessoas em paz, aí Deus se faz presente.
Perto do nosso colégio, tem o bairro da Rua Nova, que é o berço do reggae em nossa cidade. E muitos dos nossos alunos moram lá e curtem reggae.
Quem sabe se traduzirmos algumas pérolas de Bob Marley e outros astros do gênero não estaremos pregando a paz entre nossos "guerreiros"? Inclusive do lº ano B vespertino...